O evento,
que será realizado no dia 04 de novembro, abrirá as comemorações do Mês
da Consciência Negra, tendo o apoio da Prefeitura do Recife. A caminhada
terá concentração a partir das 15h, na Praça Osvaldo Cruz, bairro da
Boa Vista, com destino ao Pátio do Carmo, percorrendo a avenida Conde da
Boa Vista. A ideia é reunir os terreiros de toda a Região Metropolitana
do Recife, ampliando o número de participantes.
A
caminhada terá como mote a Educação, por conta da implementação da Lei
10.639, que trata sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira
nas salas de aula. “Nós vemos que a
Educação é um instrumento para combater a intolerância religiosa,
trazendo para toda a população, em especial para os jovens, o
conhecimento sobre as religiões de matriz africana, para que haja mais
esclarecimento e menos preconceito”, explicou Rosilene Rodrigues, da Gerência de Igualdade Racial da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife.
Ainda
segundo ela, durante a última reunião foi aprovado o documento que será
entregue à população no dia da caminhada, explicando o que é e quais os
objetivos do evento. “Além disso, a comissão de organização relacionou uma lista de possíveis parceiros para a caminhada”,
informou. A próxima reunião será realizada no dia 17 de setembro, às
15h, na sede do Conselho Municipal da Mulher, localizado no edifício
Igarassu, situado na Praça do Carmo, no bairro de Santo Antônio.
Pessoal,
é muito importante a participação de todos nós, adeptos ou
simpatizantes das religiões afrodescendentes ou, simplesmente, daqueles
que apoiam a liberdade de crença, que defendem a liberdade de
pensamento.
Pela internet, recolhi trechos de matérias sobre a I
Caminhada, no ano passado, para vocês sentirem um pouco do valor que tem
manifestações deste tipo, e como é preciso que nos unamos em torno
desse objetivo.
FOLHA DE PERNAMBUCO
Religiões afro pedem passagem
“Ará agô bíye axé”. Do yorubá ao português, “o povo pede licença com orgulho da força”.
No contexto do manifesto que parou o trânsito nas avenidas do centro do
Recife na tarde de ontem, o povo esteve representado pelos seguidores
dos cultos afro-religiosos. O ‘orgulho da força’ denotou a adoração dos
fiéis aos deuses orixás. Já o ‘pedir licença’ foi o principal motivo da
caminhada: o fim da intolerância religiosa.
O Manifesto dos Terreiros
de Matriz Africana, na luta contra todas as formas de preconceito e
intolerância religiosa, reuniu seguidores do Candomblé, Umbanda,
Kimbanda e diversas nações como Nagô, Ketu, Jurema e Angola. Música,
dança, rezas, lavagem das ruas com ervas-de-cheiro e o grito pela
liberdade puderam ser vistos na caminhada, que marcou o início do Mês da
Consciência Negra, instituído em razão da morte de Zumbi dos Palmares
em um 20 de novembro. “Ao invés de invasão aos nossos terreiros e
humilhações públicas, nós desejamos o interesse no conhecimento e
respeito a toda diversidade”, afirmou Elza Torres, mais conhecida como
Mãe Elza.
Uma multidão acompanhou de perto as manifestações. No
trânsito das avenidas Conde da Boa Vista, Guararapes e Dantas Barreto,
alguns demonstraram impaciência pelo tráfego parado. No entanto, a
maioria aprovou a passeata. Foi o caso da professora Tereza da
Conceição. “Cada um tem o direito de ter e manifestar sua religião. Se
eu estivesse no lugar deles, também desejaria o respeito e a atenção”,
revelou. A caminhada teve fim no Pátio do Carmo.
JORNAL DO COMERCIO
Consciência NegraCerca
de três mil adeptos da umbanda e candomblé participaram ontem da I
Caminhada de Terreiros de Matriz Africana, no Centro, para dar um basta à
discriminação e à intolerância religiosa. O ato marcou a abertura do
mês da Consciência Negra.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Mães-de-santo fazem ato no centro
Primeira Caminhada de Terreiros de Matriz Africana chamou atenção para a intolerância religiosa da sociedade
Jane
tem 60 anos de vida. Ontem ela saiu de casa com seu vestido branco,
colares coloridos e brincos dourados. Maquiagem leve e batom vermelho.
Estava pronta para a uma celebração histórica. "Pela primeira vez, estou
saindo para as ruas, estou vindo gritar pelo meu povo, pela tolerância
religiosa. Para mim, é um dia de glória", disse uma emocionada Jane.
Ali, Mãe Jane. Cinquenta anos de "santo". Um dos símbolos maiores dos
Terreiros de Matriz Africana em Pernambuco. Filha de família católica,
aluna de colégios de freias, aos 8 anos diz que começou a receber as
primeiras "manifestações". A repressão começou dentro de casa. A sua
luta também. Em cima de um trio elétrico, por volta das 18h, em uma
movimentada e congestionada Avenida Conde da Boa Vista, Mãe Jane
discursou sua ideologia religiosa. Cantou para Ogun. Falou dos seus
deuses. No asfalto, centenas de adeptos das religiões africanas a
acompanhavam. Representavam 30 grupos de candomblés do estado. Nas
calçadas, nos ônibus, nas janelas dos edifícios, por trás das vitrines
das lojas, todos paravam para ver. Aquela era a primeira Caminhada de
Terreiros de Matriz Africana que seguia pelo Recife. Claro que não era
difícil flagrar alguns olhares desconfiados, jovens de mochilas nas
costas dançando com visível ironia no ritmo dos batuques, ou mesmo quem
comentasse baixinho que aquilo era coisa de macumbeiro. Exceções
particulares. Se o discurso do movimento - que inevitavelmente fala de
resistência histórica, da escravidão e da perseguição das ditaduras
políticas - pedia respeito, pode-se dizer que encontrou o que buscava
pelo caminho. Encontrou uma sociedade aberta, sem qualquer demonstração
pública de rejeição ou enfrentamento ideológico. Era o Dia de Todos os
Santos. Mãe Jane possui a 40 anos um Terreiro na Cidade Tabajara, em
Olinda: o Ile axé loya Egunyta. Em quatro décadas viu as mudanças na
relação entre os Terreiros e a sociedade - sobretudo dentro das
comunidades em que estão instalados. Hoje ela se divide entre religião,
política e ações sociais e culturais. Participa ativamente de dezenas de
movimentos. Recebe cestas básicas e leite do governo e tem o dever de
distribuí-los entre outros centros religiosos. Dentro da sua casa, criou
um núcleo de informática para capacitar jovens carentes. E ainda
organiza campeonatos de futebol e festas folclóricas (como quadrilhas de
São João) na comunidade. Todo esse trabalho tende a se intensificar com
o Mapeamentos dos Terreiros, que vem sendo realizado pelo governo do
estado - justamente para poder investir no potencial social desses
locais. "Ainda assim, sou muito criticada. E ainda há muita repressão
contra as religiões de matriz africana. Muitos católicos e evangélicos
vão ao terreiro, mas não revelam. Como se estivessem fazendo algo
errado", conta Mãe Jane.O sincretismo religioso - revelado por Jane -
surgiu desde a época da escravidão. A aproximação com o catolicismo foi
uma espécie de forma encontrada pelos escravos para resistir a
perseguição. "Ainda existem muitos que se dizem católicos, mas que são
adeptos do candomblé e têm vergonha de assumir", completa Pai Ivo, do
Terreiro Xambá, no Quilombo do Portão do Gelo.
Fonte: http://povodoaxe.blogspot.com.br/2008/10/ii-caminhada-do-povo-de-terreiro-recife.html
Espaço para Socialização das ações e eventos promovidos pela Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, no intuito de estreitar as relações e enegrecer os acontecimentos e encaminhamentos advindos da luta histórica dos povos de Matrizes Africanas no estado de Pernambuco.
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